GUIA DA NOVA ORTOGRAFIA
DOUGLAS TUFANO
EDITORA MELHORAMENTOS
Acordo
Ortográfico
O Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa
foi assinado em Lisboa, em 16 de dezembro de 1990, por Portugal, Brasil,
Angola, São Tomé e Príncipe, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique e,
posteriormente, por Timor Leste. No Brasil, o Acordo foi aprovado pelo Decreto
Legislativo no 54, de 18 de abril de 1995. A implantação das regras
desse Acordo foi prevista para acontecer a partir de janeiro de 2009.
Esse Acordo é meramente ortográfico;
portanto, restringe-se à língua escrita, não afetando nenhum aspecto da língua
falada. Ele não elimina todas as diferenças ortográficas observadas nos países
que têm a língua portuguesa como idioma oficial, mas é um passo em direção à
pretendida unificação ortográfica desses países.
Como o documento oficial do Acordo não é
claro em vários aspectos, este é apenas um roteiro com o que foi possível
estabelecer objetivamente sobre as novas regras.
Mudanças
no alfabeto
O alfabeto passa a ter 26 letras. Foram reintroduzidas
as letras k, w e y. O alfabeto
completo passa a ser:
As letras k, w e y, que na verdade não tinham
desaparecido da maioria dos dicionários da nossa língua, são usadas em várias
situações. Por exemplo:
a)
na escrita de símbolos de unidades de medida: km (quilômetro), kg (quilograma),
W (watt);
b)
na escrita de palavras e nomes estrangeiros (e seus derivados): show, playboy,
playground, windsurf, kung fu, yin, yang, William, kaiser, Kafka, kafkiano.
Trema
Não se usa mais o trema (¨), sinal colocado
sobre a letra u para indicar que ela deve ser pronunciada nos grupos gue, gui, que, qui.
Atenção: o trema permanece apenas nas palavras
estrangeiras e em suas derivadas. Exemplos: Müller, mülleriano
Mudanças
nas regras de acentuação
1.
Não se usa mais o acento dos ditongos abertos éi e ói das palavras paroxítonas
(palavras que têm acento tônico na penúltima sílaba).
Atenção: essa regra é válida somente para
palavras paroxítonas. Assim, continuam a ser acentuadas as palavras oxítonas
terminadas em éis, éu, éus, ói, óis.
Exemplos: papéis, herói, heróis, troféu, troféus.
Atenção: se a palavra for oxítona e o i ou o u estiverem em posição final (ou seguidos de s), o acento permanece. Exemplos: tuiuiú, tuiuiús, Piauí.
4.
Não se usa mais o acento que diferenciava os pares pára/para, péla(s)/pela(s),
pêlo(s)/pelo(s), pólo(s)/polo(s) e pêra/pera.
Atenção:
•
Permanece o acento diferencial em pôde/pode. Pôde é a forma do passado do verbo poder (pretérito perfeito do
indicativo), na 3a pessoa do singular. Pode é a forma do presente do indicativo, na 3a pessoa
do singular. Exemplo: Ontem, ele não pôde
sair mais cedo, mas hoje ele pode.
Ele
tem dois carros. / Eles têm dois carros.
Ele
vem de Sorocaba. / Eles vêm de Sorocaba.
Ele
mantém a palavra. / Eles mantêm a palavra.
Ele
convém aos estudantes. / Eles convêm aos estudantes.
Ele
detém o poder. / Eles detêm o poder.
Ele
intervém em todas as aulas. / Eles intervêm em todas as aulas.
•
É facultativo o uso do acento circunflexo para diferenciar as palavras forma/fôrma.
Em alguns casos, o uso do acento deixa a frase mais clara. Veja este exemplo:
Qual é a forma da fôrma do bolo?
5. Não se usa mais o acento agudo no u tônico das formas (tu) arguis, (ele) argui, (eles) arguem, do presente do indicativo dos verbos arguir e redarguir.
6.
Há uma variação na pronúncia dos verbos terminados em guar, quar e quir, como aguar, averiguar, apaziguar,
desaguar, enxaguar, obliquar, delinquir etc. Esses verbos admitem duas
pronúncias em algumas formas do presente do indicativo, do presente do
subjuntivo e também do imperativo.
Veja:
•
verbo enxaguar: enxáguo, enxáguas, enxágua, enxáguam; enxágue, enxágues, enxáguem.
•
verbo delinquir: delínquo, delínques, delínque, delínquem; delínqua, delínquas,
delínquam.
b)
se forem pronunciadas com u tônico,
essas formas deixam de ser acentuadas. Exemplos (a vogal sublinhada é tônica,
isto é, deve ser pronunciada mais fortemente que as outras):
•
verbo delinquir: delinquo, delinques, delinque, delinquem;
delinqua, delinquas, delinquam.
Atenção: no Brasil, a pronúncia mais corrente é
a primeira, aquela com a e i tônicos.
As observações a seguir referem-se ao uso
do hífen em palavras formadas por prefixos ou por elementos que podem funcionar
como prefixos, como: aero, agro, além, ante, anti, aquém, arqui, auto, circum,
co, contra, eletro, entre, ex, extra, geo, hidro, hiper, infra, inter, intra,
macro, micro, mini, multi, neo, pan, pluri, proto, pós, pré, pró, pseudo,
retro, semi, sobre, sub, super, supra, tele, ultra, vice etc.
1.
Com prefixos, usa-se sempre o hífen diante de palavra iniciada por h. Exemplos:
Exceção: subumano (nesse caso, a palavra humano
perde o h).
Exceção: o prefixo co aglutina-se em geral com o segundo elemento, mesmo quando este
se inicia por o: coobrigar,
coobrigação, coordenar, cooperar, cooperação, cooptar, coocupante etc.
3.
Não se usa o hífen quando o prefixo termina em vogal e o segundo elemento
começa por consoante diferente de r
ou s. Exemplos:
Atenção: com o prefixo vice, usa-se sempre o hífen. Exemplos: vice-rei, vice-almirante
etc.
4.
Não se usa o hífen quando o prefixo termina em vogal e o segundo elemento
começa por r ou s. Nesse caso, duplicam-se essas letras. Exemplos:
5.
Quando o prefixo termina por vogal, usa-se o hífen se o segundo elemento
começar pela mesma vogal. Exemplos:
6.
Quando o prefixo termina por consoante, usa-se o hífen se o segundo elemento
começar pela mesma consoante. Exemplos:
Atenção:
•
Nos demais casos não se usa o hífen. Exemplos: hipermercado, intermunicipal,
superinteressante, superproteção.
•
Com o prefixo sub, usa-se o hífen
também diante de palavra iniciada por r:
sub-região, sub-raça etc.
•
Com os prefixos circum e pan, usa-se o hífen diante de palavra
iniciada por m, n e vogal: circum-navegação, pan-americano etc.
7.
Quando o prefixo termina por consoante, não se usa o hífen se o segundo
elemento começar por vogal. Exemplos:
8.
Com os prefixos ex, sem, além, aquém, recém, pós, pré, pró, usa-se sempre o
hífen. Exemplos:
9.
Deve-se usar o hífen com os sufixos de origem tupi-guarani: açu, guaçu e mirim.
Exemplos: amoré-guaçu, anajá-mirim, capim-açu.
10.
Deve-se usar o hífen para ligar duas ou mais palavras que ocasionalmente se
combinam, formando não propriamente vocábulos, mas encadeamentos vocabulares.
Exemplos: ponte Rio-Niterói, eixo Rio-São Paulo.
11.
Não se deve usar o hífen em certas palavras que perderam a noção de composição.
Exemplos:
12.
Para clareza gráfica, se no final da linha a partição de uma palavra ou
combinação de palavras coincidir com o hífen, ele deve ser repetido na linha
seguinte. Exemplos:
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